36o. e 37o. dias! Percorrendo os EUA!

Bom dia queridos leitores!

É com satisfação que falamos da terra do Tio San diretamente para as linhas deste blog da Expedição 3 Américas.  Aliás, expedição esta que vai seguindo rumo ao norte de vento em popa, com as viseiras apontadas para o Alasca e os pneus cravados em solo americano! 

E por falar em solo americano, meus queridos, que solo! As estradas por aqui só comentem o pecado da preguiça, pois não exigem nada do piloto. Nossa sorte é o clima estar colocando temperos na nossa viagem, que com estradas perfeitas beiram a monotonia. É claro que as paisagens competem com a atenção da estrada e quando nos distraímos, eis que passamos por um motorhome de quinze metros de comprimento com um carro no reboque, cena muito comum no Texas e no Arizona. Aliás, os americanos VIVEM sobre rodas. VIVEM em maiúsculo, porque realmente usufurem da vida, viajam e aproveitam os parques e locais públicos com a segurança que todos gostaríamos de ter.

Bem, nesse post estaremos dividindo com vocês a cidade de Albuquerque no Novo México e o Canyon Marble, no Arizona.

Albuquerque é uma cidade muito bonita, planejada e horizontal. No centro de Albuquerque, mais especificamente na 4a. Avenida e Central Avenue, passa a famosa Rota 66 que liga Chicago à Santa Mônica, na Califórnia. Com aproximadamente 500.000 habitantes excetuando-se as cidades satélites, tem tudo o que é necessário para viver com qualidade. Ficou famosa por ter sido palco da produção e gravação da série Breaking Bad e por ser terra natal da cantora Demi Lovato. 

A organização urbana, a gastronomia e o charme da cidade nos conquistaram.

O clima aqui muda em segundos, de pancadas de chuva intransponíveis a sol aberto, várias vezes ao dia.

Linda cidade!

No hotel em Albuquerque e a lida diária de reposição de óleo da transmissão da Valentine. O diagnóstico foi dano por conta do excesso de exigência. Pode?

Aproveitamos a chegada à Albuquerque para fazer a revisão nas BMW, trocando os pneus dianteiros que já estavam no limite, limpando os resíduos da gasolina ruim de alguns países que passamos  e principalmente para tentar melhorar as condições de pilotagem de Valentine, que vinha sofrendo com a perda de óleo da transmissão e as rodas tortas.

Moto pronta pra ir pro Alaska, porém, bolsos vazios, hehhee

Em Albuquerque tem uma concessionária Triumph, que como em outros lugares compartilha a concessão com a Ducati e outras marcas, sofrendo pela ausência de peças de reposição estrutura modesta. Aliás, deixe-me falar um pouco sobre isso ( Silvio).  Eu sou fã das motos Triumph, pela pronta resposta do motor, pelo esmero na construção das motos e pelo design. Tive por 10 anos uma Rockett III de 2.300 cc, tive uma Tiger 1050 SE e agora a Valentine, uma Explorer 1200. Provavelmente terei outras Triumph, se a vida me permitir. Entretanto, vivenciei uma experiência interessante em comparação as motos BMW GS. Apenas falo das GS, pois são as outras duas motos que compõem a expedição.

As BMWs contam com uma rede de assistência incomparavelmente maior e pessoas acostumadas a atender viajantes de passagem, pois são as motos mais utilizadas para esse fim. Nesse quesito, com minha Triumph, tive que me adequar aos raros locais onde existem assistência e ainda ouvir que estavam lotados e precisava agendar com antecedência. Sem contar a dificuldade de obter as  peças de reposição.  Em Albuquerque, fui atendido com cordialidade e "deram um jeito" de mexer na minha moto no mesmo dia, porém fazendo apenas o mais urgente e retirando peças de uma moto nova, pois não havia reposição. Claro que tudo isso teve um custo e bem salgado, diga-se de passagem. Em síntese, o que quero dizer é que o equipamento Triumph continua me cativando e terá minha reverência, mas a rede de assistência deve muito. Uma pena! Se eu terei outras Triumph? Claro, não pretendo voltar pro Alasca tão cedo, heheh. Mas se eu voltasse o ano que vem, voltaria de BMW!

Voltando da concessionária da Triumph, caminhei uns 6 km e pude mais uma vez constatar o que já sabia sobre o estilo de vida dos americanos. No caminho, não cruzei a pé, por mais do que cinco pessoas. Ninguém caminha. Todos andam em seus carrões cada vez maiores e sempre rebocando alguma coisa. Passei por duas fábricas de Traillers e Motorhomes e contei rapidamente mais de 60 unidades prontas à espera do consumidor. Carros com grandes lanchas, triciclos, quadriciclos, jets e outros brinquedos, são comuns nas estradas do Texas e Novo México e já menos comuns nas estradas do Arizona. Por várias vezes ao sair de uma curva me vi de frente ao "Optimus Prime", em uma velocidade acima do que costumamos ver no Brasil, passando por nós e agitando nossos capacetes. 

Registramos, que apesar de muitas críticas ao sistema de vida americano e  à priorização dos automóveis e não dos pedestres, fica nítido que estamos muito aquém e que seria um sonho poder desfrutar no lindo solo brasileiro da qualidade de vida dos americanos.  Sem dúvida eles conseguiram harmonizar a individualidade ao transporte. Será essa a melhor opção? Talvez não, mas aqui funciona!

No fim da tarde em Albuquerque demos uma passada em uma feirinha de Hot Rods que acontecia em frente ao hotel. Confiram alguns dos modelos que pintaram por lá!

O lendário El Camino!

E o modesto preço do Corvette 2009.

De Albuquerque para Marble Canyon. Que dia fantástico.

Saímos cedo, e a temperatura estava agradável. Estava iniciando um dia ideal de pilotagem.  Sem calor excessivo, boas estradas e com paisagens que dividiam nossa atenção. 

A chuva nos ameaçava a distância como se quisesse nos mostrar seu poder, contudo sem interferir em nossa pilotagem. Estava todo o tempo ao nosso lado porém, caprichosamente não nos molhou. Chegamos a colocar as capas pois não sabíamos ao certo sua real intenção, mas foi em vão. E, já em segurança no hotel do dia, nos borrifou pequenos pingos para que não esqueçamos da supremacia da natureza.

A vida dentro do capacete é fantástica. Os pensamentos se alternam. Nos deslumbramos, sentimos saudades, tomamos decisões, sorrimos sozinhos, por vezes talvez choramos, mas a cada minuto um pano de fundo diferente se apresenta, com ele, uma nova surpresa e como que por obra divina, tudo se encaixa. A mente vai ficando leve e o corpo cansado, os pensamentos vão e vem, as decisões são revistas e como num ritual de evolução, temos a oportunidade de adiar para o próximo trecho aquelas que não estão bem claras ainda. Lembranças do passado, planos futuros e necessidades e conflitos atuais passam pelo capacete como o vento, balançando nossa cabeça e nos fazendo pensar. 

A isso demos o nome de mototerapia! 

O caminho de Albuquerque para Marble Canyon é quebrado e John nos ajudou nesse roteiro. Cada minuto foi fantástico, com paisagens deslumbrantes e Canyons muito boniyos, chegando ao norte do Parque Nacional do Grand Canyon, que é alvo dos turistas que vão para Las Vegas.  

Já tivemos a oportunidade de pilotar na deslumbrante região de Las Vegas porém, particularmente gostamos mais daqui.

Fiquem com algumas fotos que resumem nosso dia.

Quem viajou conosco hoje foi o nosso grupo de moto. O grupo que já teve o nome de Raios de Aço e hoje não tem um nome definido é composto de pessoas incríveis com quem desfrutamos com frequência o prazer de pilotar. A grande maioria das nossas viagens se inicia em um churrasco de gado e ovelha preparados pelo Sessé e pelo Mauro e termina em algum lugar do mapa. Somos muito gratos ao nossos amigos por terem contribuído em massa para a campanha do Albergue e por dividirem com a gente essa paixão pelas motos e pelas estradas. Um grande abraço aos amigos: Batirolla, Schneider, Osmar, Mauro, Bragaglia, André Salvador, Ricardo, Sessé, Fábio, Guti, Zequi e aos novos e já engajados integrantes, Vicente, Adriano, Élton e Roni. 

Ricardo, Osmar, Mauro, André e Sessé, em Corrientes _ Arg, com a camiseta da expedição!