Santo Domingo/Equador a Pasto/Colômbia
Saímos da
esburacada Santo Domingo e logo após uns 20kms uma serra e curvas, com uma
temperatura deliciosa de 22 graus. Verde, curvas, serras e pequenos balneários
de águas termais. Estranhamos que havia pouco movimento o que nos permitiu
fazer as curvas num ritmo bom e que rendeu os aproximadamente 120kms de curvas
contínuas.
Mas, logo após a
serra o movimento voltou ao normal. Para variar, no Equador definitivamente não
funcionou bem. Não sabemos o motivo, mas simplesmente nos deixou na mão.
Passamos pela
capital Quito, a qual parece ser uma capital arrumada. Pelo menos nos passou
esta impressão. Na nossa passagem pelo Equador, acabamos não conhecendo as duas
principais cidades do Equador: A Capital Quito e tampouco a comentada
Guayaquil. Infelizmente, não tivemos tempo. A nossa impressão do Equador foi
boa, um país com perfil igual aos seus vizinhos Peru e Colômbia, com pobreza
aparente, mas com bons recursos naturais e tentando engatinhar no mundo
econômico e da infraestrutura. Achilles gosta mais do Peru pela enorme
diversidade natural, pela gastronomia e pela contagiante alegria de seu povo. Gustavo
já simpatizou mais com o Equador, por apesar de parte do trânsito ter se
apresentado caótico, quanto mais nos aproximamos de Quito, melhor a
infra-estrutura das rodovias, paisagens e organização do país, cultivos rurais
em encostas feitos de forma elegante e bonita.
Após a passagem
por Quito, mais montanhas e uma
boa estrada, alternando trechos em obras, fazendo com que trafegássemos em
10kms de estrada em obras de piso de chão. Como chovia leve, havia barro, mas
como estamos com os comentados pneus Karoo 3, tudo vai muito bem em pisos não
asfaltados.
Aliás, nos
últimos três dias, desde que entramos no Equador, todo final de tarde chove
fino. Nos dias anteriores, foi interessante pois amainou as altas temperaturas,
mas hoje a chuva veio com frio. Como a chuva é fina, ainda não foi necessário
inaugurar a capa de chuva.
Chegamos em
Tulcán, na fronteira com a Colômbia por volta da 17:30hs, a tempo de fazermos o
último abastecimento com gasolina a 50 centavos de dólar.(vale abastecer antes
de passar para Colômbia)
A passagem pela aduana do Equador foi demorada, somente para dar a saída
das motos. Havia fila e a funcionária era muito morosa, fazendo-nos esperar
pelo menos uns 45 minutos. O lado bom é que conversamos com dois colombianos
que estavam fazendo o caminho contrário ao nosso e também com um argentino que
viajava sozinho vindo da Colômbia. Estávamos em dúvida entre pernoitar em Ipiales
a primeira cidade Colombiana ou ir até Pasto, uns 70kms adiante. Um colombiano
nos falou que eram uns 300kms até Pasto e a viagem durava umas 04 horas, o que
foi contestado pelo Argentino, dizendo que Pasto era uma hora dali e que deveríamos
ir até Pasto. Pelo jeito, o argentino sabe mais da Colômbia que o colombiano,
ou este estava querendo nos sacanear. Fato é que são apenas, aproximadamente,
75km, apesar de muitas curvas, portanto, não se engane pela km, deve-se aqui,
levar em consideração o tempo, 1h30.
A imigração na
Colômbia foi rápida, mas a aduana pede cópias de vários documentos, como
passaporte, documento da motocicleta e da carteira de habilitação. Achilles
havia providenciado diversas cópias destes documentos para todos, entretanto, a
aduana pede cópia da página do passaporte que contém a saída do Equador. Pode??
Então tivemos que providenciar isso, além do SOAP, seguro obrigatório, ao custo
de 22 dólares por moto, que segundo o oficial é tabelado no pais. Para realizar
tudo isso perdemos tempo e já estava escuro.
Como o
comentário geral era que as Farcs haviam assassinados o comandante da Polícia
da região e mais 06 policiais e que havia rompido o acordo de paz com o governo
colombiano, ficamos receosos de seguir. Quando estávamos com este receio e
fazendo os procedimentos na aduana, apareceu um simpático colombiano na porta e
disse: “ Estão precisando de algo? Falam espanhol ou inglês? “ E assim tivemos
o enorme prazer de conhecer Darío e seu filho Gabriel que estavam viajando numa
R1200GSA, mais antiga, aquelas muito elogiadas pela fácil manutenção, vindo do
Equador. Ele aguardou que terminássemos os trâmites e nos convidou para ir com
ele até Pasto. Ficamos aliviados e agradecidos e nos fomos seguindo Darío que
pilotava rápido pelas curvas no meio da noite, provável por ser local!
No meio do
caminho ele parou num vilarejo e nos convidou para jantar um delicioso “pollo”
assado com arroz, maionese e lentilhas. Como não tínhamos jantado, estávamos
com muita fome e aquele jantar nos pareceu um banquete. Enquanto jantávamos
Darío nos convidou para pernoitar na sua casa. Ficamos um pouco constrangidos
com o convite pois nossa aparência não era das melhores. Sujos e cansados. Mas
como Darío insistiu e o convite foi sincero aceitamos.
Fomos muito
recebidos na sua casa pela sua esposa Doris, nos colocaram em camas
confortáveis e quente, tomamos um banho e um café, terminamos o blog e fomos
dormir exaustos.
De Pasto a Cáli
A recepção
oferecida por Darío, Doris, Gabriel e o Apollo o cachorro carismático, foi sensacional. Muito calor humano,
muita simpatia, sinceridade, enfim nos fez muito bem. Somente irmãos do
motociclismo tem o enorme prazer de vivenciar que um desconhecido até então,
nos abordar numa aduana, estando nós sujos e com aspecto ruim e nos levarmos
para dentro da sua casa. Sem palavras para agradecer o carinho com o qual fomos
recebidos. Nos fez muitíssimo bem. Darío é um sujeito tão especial que ao ouvir
nós comentarmos sobre Silvio, fez questão que passemos o seu telefone ao nosso
amigo para que possa recebe-lo também em sua casa. Show!
Achilles com Gabriel e Apollo (bulldog), Dario e Doris, amigos e anfitriões. |
Tomamos café na
casa da especial família e eles ainda nos acompanharam a um local onde Gustavo
pudesse consertar o espelho danificado por um motorista de uma Van peruana e
seguiram conosco até uma hora após na estrada pois iriam à casa de campo deles.
No caminho,
montanhas belíssimas de um verde escuro marcante e curvas, curvas e curvas.
Como disse Gustavo, “...não é que tenha muitas curvas entre Pasto a Cali, correto é dizer que não tem retas...”
Parece exagero mas não é. Muito difícil fazer mais do que 400/450kms aqui. E
foi isso que fizemos.
No caminho, além
de curvas e carretas, deparamo-nos com muitas barreiras policiais e do exército.
Parece que o país está em guerra, apesar de não termos em momento algum
vivenciado algum risco durante a vaigem.
As Farcs quebraram o acordo de paz com o governo colombiano e fizeram um
atentado bem aonde entramos na fronteira, assassinando um coronel da polícia,
comandante local e mais 06 policiais. Este atentado ocorreu dois dias antes de
chegarmos. Porém, não nos sentimos inseguros, pela quantidade de policiais na
nossa rota. Todos sem exceção nos cumprimentavam na passagem. Ouvimos o
conselho de todos para que chegássemos cedo e foi isso que fizemos. Chegamos às
17:30 em Cáli, são e salvos. Hoje foi o dia mais quente da viagem. 37 graus!!
Saímos com frio de Pasto e colocamos a segunda pele. Transcorrido uma hora, não
resistimos e tivemos que parar para tirar as mesmas. Calorão! E assim tem sido
estes dias: alternância de temperatura dentro do mesmo dia.
Trecho entre Pasto e Popayan, curvas e mais curvas com a paisagem que fala por si só. |
GoPro. |
Já em Cali, a
entrada foi tranqüila, conseguimos um hotel bem localizado, apesar de não
termos reserva, organizamos as coisas, carregamento de todos equipamentos,
banho e na seqüência caminhamos umas 6 quadras para o restaurante indicado pelo
hotel, El Solar. Diga-se de passagem, excelente, desfrutamos de uma boa corvina, pratos saborosos e com ótima apresentação, num ambiente com boa
iluminação e astral.
Corrina em redução de Chardonnay |
No retorno,
ainda pudemos sentir um pouco da cultura local, com bares com músicas regionais
em som alto, com o merengue rolando, bem aprazível e interessante. Cansados, o
destino foi o bom e velho hotel.
Amanhã rumamos
para Bogotá, pelas informações que obtivemos, será mais um longo dia, cursando
com variações de temperatura e trechos sinuosos, comum para Colômbia. Felizes
pela proximidade de um descanso no aguardo do amigo Silvio, que vem fazendo os
trechos por nós realizados há poucos dias. Previsão de encontro para o fim
desta semana, felizes por isto!
Motos, carretera e GoPro. |
Achilles na colombia após almuerzo. |
Selfie com a paisagem colombiana ao fundo. |
Opa !!!, junto ao amigo Achilles tivemos oportunidade de conhecer esse belo canto da América do Sul, em 2013 andamos por Medellín, Bogotá e Cartagena.
ResponderExcluirEstamos na cola do trio, acompanhando diariamente as notícias e torcendo pelo reencontro, o qual se dará logo.
Abraço.
Caprichou na foto Tsunami...kkkk..boa meu amigo! Forte abraço! Estamos no hotel que ficaram, muito bem localizado, bem legal!
ExcluirSensacional a recepção do Dario e sua família. Essas atitudes só acontecem mesmo entre motociclistas e isso é muito bacana. As estradas são muito top. Vão com Deus. Abraços
ResponderExcluirVerdade Moisés. Hj vivenciamos outro gesto de solidariedade entre motociclistas, aqui em Bogotá! Leva-se muito mais a sério do que no Brasil, é fantástico, são pontos de apoio, amigos que conhecemos em poucas horas, com o objetivo de trocar informações e divulgar o espírito do motociclista!!! Muito legal!
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