Expedição três Américas - Santa Catarina ao Alaska

16º dia.– De Cali a Bogotá

Segunda-feira, dia 15 de junho. Feriado nacional na Colômbia, ou seja, um feriado prolongado. Cali, a conhecida mundialmente capital do narcotráfico e ao que parece já não é mais tão assim desde as mortes e prisões  de alguns barões da Coca, nos recebeu de forma tranquila e nos despachou igualmente tranquilos. Por ser feriado, pouco movimento na cidade.

Uma temperatura amena, uma auto estrada e começamos  o percurso em direção a Capital Bogotá. Muitos pedágios e diferentemente do Equador em que o financeiro da viagem Achilles tinha que fazer uma ginástica para tirar as luvas, colocar a moto em ponto morto e efetuar o pagamento para as duas motos, na Colômbia, motocicletas não pagam pedágio, mas a passagem para as motos é muito estreita, feita para motos pequenas e isso exige atenção sobretudo quando o meio fio é muito alto.

A viagem rendeu bastante por umas duas horas, só interrompida para acharmos um local com wifi para reservarmos hotel na capital, entretanto, o hotel que Achilles conhecia, o B3 Virrey na Carretera 15, muito bem localizado e charmoso hotel, estava lotado. Então, resolveram  ir assim mesmo e tentar uma vaga neste hotel mesmo não tendo reserva.

A estrada e o rendimento da viagem foram alterados quando defrontamo-nos com uma respeitável serra, bonita, verde, sinuosa e extensa. Gostaríamos de ter tirado umas fotos, porém, além da falta de acostamento o movimento de automóveis e caminhões era grande, fazendo andarmos atrás de caminhões procurando difíceis espaços para ultrapassagem.

muito verde por toda Colômbia

Achilles e imagens na descida da serra

Subimos, subimos e subimos e após atingirmos o pico, por óbvio começamos a descermos, quase com a mesma dificuldade da subida, agravado por algumas ultrapassagens contrárias(não tão comuns como as realizadas pelos loucos peruanos) e atingimos as maiores dificuldades quando à certa altura, uma chuva relativamente forte resolveu dar o ar da graça, obrigando Gustavo a colocar a capa de chuva e Achilles relutante, seguiu só com a roupa vendida como impermeável, mas que não foi aprovada pelo usuário em chuva um pouco mais forte do que até então tínhamos nos deparado. A chuva, as curvas constantes, contundentes e muitas vezes em forma de U ou cotovelo como dizem, aliado ao enorme movimento de automóveis, caminhões e muitas motos pequenas ziguezagueando para lá e para cá, agravado pelos nossos pneus traseiros em final de linha, exigiu muita atenção, baixa velocidade e mesmo assim Anita a Valente e Estelita , deram algumas “dançadinhas” de leve na pista. Este contexto ruim para motocicletas causou um acidente  e uma destas motos com dois ocupantes passaram direto numa ponte e havia movimentação para socorrê-los.

Após a tensa descida da serra,  paramos para comermos algo e abastecer as motos. Interessante comentar que quando nos hospedamos na casa do agora nosso amigo Darío, ele mencionou: “ Acá em Colômbia se puede parar em qualquer lugar para comer. Em todos los lugares se tiene buena comida. No se preocupem” .  Esta observação de Darío, foi comprovada por nós, pois paramos em vários lugares muito simples de beira de estrada e em alguns pequenos restaurante igualmente simples em Bogotá e todas refeições, sem exceção até agora, muito saborosas e bem feitas.

Qualquer lugar à beira da estrada se come bem na estrada como disse Darío

Tomamos a estrada novamente com a chuva ora aparecendo e ora se escondendo e de repente uns 90kms antes de Bogotá, o movimento de final de feriado, de pessoas que tinham saído da capital para passear e retornavam para suas casas, se  apresentou. Um engarrafamento monstro, que nos assustou, pois nosso objetivo era chegar em Bogotá antes de escurecer. Se estivéssemos de carro, acho que só chegaríamos no dia seguinte, mas de motocicleta, imitando os colombianos e com a aprovação dos policiais, fomos numa velocidade de 60kms/h, ultrapassando os veículos pela direita ou com alguma dificuldade e atenção pelo meio pois com os bauletos laterais as motos ficam largas.

Devemos ter feito os 90kms de engarrafamento em cerca de duas horas e finalmente, numa trecho que começou bem tranquilo(como de costume), do meio em diante transformou-se em dificuldades, mas transpostas com segurança. Quando chegamos ao hotel, marcavam 18:30hs e a sorte nos ajudou que conseguimos lugares para nós e para as nossas queridas

Comemorando a chegada em Bogotá

Um registro muito interessante a fazer desde que entramos em território colombiano é que não obstante a tensão provocada pelo reaparecimento das Farcs e com o atentado mencionado na fronteira, o que causou uma verdadeira mobilização nacional da policia e exercito colombiano, a nossa viagem mais pareceu um desfile. Pode parecer exagero, mas todos os policiais e os soldados nos cumprimentam com sinal positivo quando passamos. Foi impressionante isso. E nós, mesmo pilotando, tentamos retribuir todos os cumprimentos. Um dos policiais nos parou, mas muito curioso, além de pedir os documentos, fez-nos inúmeras perguntas sobre a viagem e sua expressão facial de espanto era nítido quando respondíamos.

Quanto às pessoas em geral, com ênfase no Peru, Equador e agora Colômbia, à cada parada em algum semáfaro ou engarrafamento, entrevistas são feitas: “ São de onde? “Vão para aonde?” “ Há quantos dias viajam?” “ Quantas cilindradas são as motos?” e por aí vai.....e nós levantamos os capacetes e tentamos responder. Após as respostas, somos brindados por largos sorrisos e sinais de positivos além de nos desejarem Suerte, Salud, Buena Viaje! Maravilha!