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terça-feira, 28 de julho de 2015

51o. e 52o. Dias. Saindo do Lake Muncho, indo para Whitehorse e seguindo até Beaver Creek, divisa com o Alaska.

Boa noite meus caros amigos que acompanham o blog. Aqui estamos escrevendo com o sol raiando próximo das 23:00h e ainda ligados na tomada, influenciados pelo horário solar que aqui se extende por quase todo o dia e a noite. Temos nos deitado com o céu claro e acordado com o sol já alto nos céus do Canadá.

Depois de uma noite agradável às margens do Lago Muncho no norte do Canadá e um café da manhã generoso, montamos as valentes e iniciamos o caminho para Whitehorse. O objetivo era cruzar o limite entre os estados de Britsh Columbia e Yukon ainda antes do meio dia. E assim aconteceu.
As belezas do Canadá têm dificultado bastante nossos objetivos diários, pois é uma luta percorrer o trajeto planejado e parar a cada pouco diante das paisagens cênicas para fotografar e contemplar. Entretanto, como estamos rodando com vento a favor,  tudo dá certo no final do dia.

Já no início da estrada avistamos uma fêmea de Moose, que não se deixou fotografar,  Bisões e Carneiros da Montanha. Esses animais e mais o urso negro visto no dia anterior confirmam a preservação da fauna no norte do Canadá.





Seguimos pela 97 com a bússola indicando o noroeste até a divisa do estado. Antes da chegada em Whitehorse tínhamos um compromisso para ser cumprido, que consistia na fixação da placa com a logo da expedição na Signpost Forest em Watson Lake.  Essa floresta de placas é extremamente interessante e conta hoje com mais de 80.000 placas afixadas.  As primeiras placas foram colocadas nesse local como orientação aos que se desafiavam pela Alaska Highway, e aos poucos outras foram sendo colocadas, se transformando em obrigatoriedade para quem se aventura por aqui. A "Expedição 3 Américas" não ficaria de fora dessa! Hehehe
O início da Floresta de Placas!

Placa da expedição: 11o. poste à contar da entrada da central de turismo, pelo lado direito!




Por todos os cantos do Canadá, flores bem cuidadas adornam a passagem!




Para mim, (Silvio), tem um sabor ainda mais especial. Isso porque, na ocasião do meu acidente no Peru, entreguei a placa ao Achilles, para que ele e o Gustavo dessem continuidade à expedição, já que a minha viagem poderia se encerrar ali caso não conseguisse arrumar a Valentine. 
Eis que no dia seguinte a partida de Achilles e Gustavo, me dei conta de que eles haviam esquecido a placa sobre o criado mudo do hotel. Eu havia ficado no compromisso de arrumar a moto e levar a placa até a última fronteira. Assim, nos longos dias que se sucederam até o meu reinício da jornada, muitas foram as vezes que olhei pra placa e falei intimamente que a levaria até o seu destino, mesmo quando tudo parecia se movimentar no sentido contrário do que eu precisava. Confesso que me emocionei enquanto cada um de nós pregava a placa em seu lugar. 



Está entregue!


Alegria!

Mais um marco alcançado!


Continuando para o noroeste  e agora entre o vai e vem de divisas estaduais, estávamos finalmente rodando em Yukon, extremo norte do canadá. Simbolicamente,  isso significa que temos apenas uma última fronteira para cruzar e enfim atingirmos nosso objetivo de chegar ao Alaska. 

O estado de Yukon é conhecido pelo estado do sol da meia noite, que se apresenta no verão, temporada em que estamos fazendo a expedição, porém, por 3 meses, durante o inverno,  a noite prevalece de forma absoluta. O seu nome, "Yu-kun-ah", significa o maior  dos rios e foi dado por um comerciante da Baía de Hudson. O rio Yukon, entre os 20 maiores do mundo corta o estado, desde British Columbia até desembocar no mar de Bering, cruzando o Alaska.

Acredita-se que esta região foi a primeira do Canadá a ser habitada por povos que cruzaram a Ásia durante o período da Era do Gelo entre 10 e 25 mil anos atrás. Os primeiros visitantes que  chegaram aos territórios do norte foram exploradores russos que viajavam pela costa do Alaska no século 18. O capitão Vitus Jonasen Bering, um dinamarquês na marinha russa, explorou a costa do Alaska em 1741.
Em 1825 o grupo da Primeira Nação comercializava tabaco, armas e outras mercadorias européias com os povos aborígines da região e logo a companhia britânica Hudson’s Bay e outra companhia Americana chegaram a região e fundaram seus postos de troca para comércio às margens do rio Yukon. Com a venda do território do Alaska aos americanos em 1687, a companhia britânica teve de mudar-se mais ao leste do território, devido aos limites impostos pelo governo americano.
Emblema Saskatchewan
Em 1870 foi encontrado ouro no norte de Yukon e a população cresceu rapidamente chegando a 40 mil pessoas, causando vários danos à região e obrigando a população que já a habitava mudar-se. A descoberta de ouro fez a disputa pelo território entre Canadá e EUA aumentar. Uma comissão foi formada para discutir o problema decidindo que o Canadá teria posse da região em 1898.
Após esta corrida pelo ouro, a população diminuiu e hoje a região possui um quarto da população de povos aborígines. Quase 60% da população total vive na capital de Yukon, Whitehorse. ( Fonte: governo do Canadá).



Bom humor impera na expedição!

Informação e cultura em cada parada!

Valentine lendo a placa! Orgulhosa por ter se reerguido!

Quase 60 dias de parceria já! Que bacana!


Fazendo micagem! Se esse capacete escorrega... heheh


Já no fim do dia chegamos à Whitehorse, que tem esse nome desde 1887 por conta da espuma do rio Yukon, que margeia a cidade, lembrar as crinas brancas de um cavalo.
Aqui, está já em terra firme e totalmente restaurado o navio SS Klondike que foi muito importante para o comércio e desenvolvimento do povos do norte e que tivemos a satisfação de poder vistá-lo.
A cidade é aprazível e charmosa, provocando lembranças das aulas de história e do ciclo do ouro da américa do norte. 
Tudo é motivo de orgulho e rende uma boa história por aqui. A restauração do S. S. Klondike impressiona!








Uma observação importante é a de que todas as cidades, mesmo pequenas, tem museus e  se orgulha de sua história, muitas vezes com uma estrutura muito organizada e convidativa.
Acordamos em Whitehorse e atrasamos nossa saída por conta da necessidade de programar alguns hotéis para os próximos dias e resolver a dificuldade da marcação das passagens para nossa volta a partir de Anchorage. Feito isso, a estrada nos aguardava para um trecho curto, porém não rápido de 446 km, com direito a estrada de chão e só para variar, paisagens deslumbrantes. A Alaska Highway vai adquirindo outros nomes e nesse trecho se denomina Klondike Highway e mais ao norte, próximo ao Alaska, o nome é Skagway.
A "Alaska Highway", é famosa por turistas, aventureiros, motociclistas, tanto pela dificuldade por ela imposta (no passado, quando ainda não asfaltada), como pelas belas paisagens do norte canadense, Estado de Yukon. 
Esta Highway foi construída em apenas 8 meses, em 1942, em plena Segunda Guerra, após apelos do governo americano, na ocasião presidente Roosevelt, para fins de proteger a América do Norte. Fato histórico que levou a Highway a sair do papel, foi Pearl Harbor, ataque japonês as ilhas que são pontos estratégicos de segurança pela costa oeste.
A história, determinação e ousadia construtivas são um marco e um orgulho, tanto para americanos, como para canadenses. Um grande privilégio e sem dúvidas, um enorme prazer, após conhecer um pouco mais desta linda história
Um pouco da construção da Alaska Highway!




Na segunda guerra, ter uma base militar no Alaska significou um salto na capacidade de resposta americana, pois em função da curvatura do globo, ir de Nova Iorque ao Japão via Alaska encurtou o trajeto em quase 2000 milhas.


No caminho passamos pelo deslumbrante lago Kluane, onde nos detivemos para fotos na Destruction Bay, que recebeu esse nome por conta dos estragos feitos por uma enorme tormenta em 1940. Sem palavras, confira!













Depois disso seguimos já pela estrada deteriorada por conta da neve e pelas enchentes de verão, sem asfalto e de pedras soltas, embora não tenha oferecido grandes dificuldades. Isso nos deu uma amostra dos próximos dias, onde pretendemos rumar para Prudhoe Bay.



O clima aqui é instável e no dia de hoje nos contemplou com um sol muito bonito, e com imagens de nuvens e tempo fechado no pico das montanhas que formam o berço da rodovia.


O dia foi de reflexão, pois já estamos rodando por 57 dias e quanto mais nos aproximamos do objetivo, mais parece que o tempo voou, embora as saudades das pessoas que amamos já apertam o peito e nos deixam desconcertados.
Nossas viseiras vinham sempre apontando pro Alaska e hoje nos encontramos na pequena localidade de Beaver Creek, distando apenas 15km da fronteira. É como se por alguns instantes não soubéssemos mais pra onde olhar já que chegamos ao Alaska. Porém, queremos seguir mais ao norte, cruzando o Alaska, entrando no Círculo Polar Ártico  e rumando até o oceano Ártico. Estamos na expectativa para que as condições climáticas nos favoreçam e que consigamos esse feito. Continuem conosco nessa aventura que esperamos seja tão agradável de ler, como de realizar. 

Certamente essa postagem será carregada já no sul do Alaska, onde nos prepararemos e prepararemos as guerreiras Valentine, Estelita e Anita para o desfio final da expedição que será rodar 1600km sobre o Permafrost, liso, com muitas pedras soltas e dividindo espaço com as carretas que levam suprimento à Dead Horse, em Prudhoe Bay, no extremo norte! 
Quem viajou com a gente nesse trecho foram a Dona Rosa, Andréa e o Oraci, familiares do Silvio que estão em Joaçaba acompanhando o blog e apoiaram a causa do albergue. Grande abraço dos três expedicionários!
Andréa e Oraci, irmã e cunhado do Silvio de Joaçaba!

A d. Rosa, mãe do Silvio está pronta para ir pro Alaska. Parece que ele "esqueceu o agasalho!" He he he!



3 comentários:

  1. Feliz pela chegada...o destino final é logo ali ... vão com fé e com cuidado ...e acelerem o que der nesse trecho, prudência é coisa para senhoras velhas que ficam em casa assistindo tv . Hrhehehehe abcsss se cuidem

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    1. Odone: Com fe e com cuidado foi o nosso lema da viagem ! abcao querido!

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  2. sou apaixonada pelo Alaska. Um lugar que eu quero voltar com certeza. Licia (cunhada do Julio).

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