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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Huacho – Chiclayo – dia 10!


 Após um dia conturbado na chegado do dia anterior, hotel deixando a desejar conforme relatado ontem. Justifico, sem tomadas, sem wifi, café marcado pra 8h e com atraso, chuveiro frio e Box com problemas de drenagem. Enfim, o nome do hotel é Pacífico. Mas a questão é que chegar á noite, cansados e procurar por hotel não é uma boa alternativa. Nem que façamos a reserva no mesmo dia pela manhã é muito mais prudente do que chegar numa cidade no final do dia e sair procurando por hotéis. Em regra, boa parte das cidades peruanas tem fluxo turístico e procura por hotéis.
Acordamos perto das 7am, pois a noite anterior tínhamos, embora com dificuldades pela pouca estrutura do Hotel, de fazer o Blog com fotos e demais exigências. Ficamos no hall de entrada, único local com wifi, ainda que de má qualidade e um castelhano falando alto no celular por muito tempo e tirando o nosso sossego.

Enfim, pé na estrada as 8am!

Como toda cidade que temos passado, a Panamericana faz parte da cidade, ou seja, o trânsito não é pouco e nem fácil. Neste dias rodando pelo belo Peru percebemos o modo imprudente de dirigir dos peruanos. Uma das práticas muito comum utilizada por eles entrar na pista contrária para fazer a ultrapassagem mesmo quando vem as nossas motocicletas nesta pista. Ao que parece, eles acham que e normal passar em sentido contrário, um automóvel e a moto e que esta deve dar passagem para eles, ou indo ao acostamento tamanho padrão de meio metro ou passando o carro e a moto no canto da pista. É incrível! No Brasil, isso é inadmissível. No começo, Achilles e Gustavo, gritaram muitos impropérios impublicáveis dirigidos aos que forçavam as ultrapassagens e nos jogavam fora da pista.
Já no início da Panamericana, um susto! Gustavo e Estelita vinham à frente, como tem ocorrido pela características dos pilotos. Pra quem possa pensar em certa “competição”, se engana, pois a disposição das motos desde o início nos dá segurança e comodidade para os trechos. Pilotávamos num trecho com obras, cavaletes, cones, desvios, quando uma van (comum aqui) entra pra fazer a ultrapassagem, apesar de vários sinais de luz dados, o infeliz persistiu ultrapassando como se nada visse. Faltou pista pra ambos, pois a direita os cones e cavaletes, o choque foi inevitável, que bom que apenas do retrovisor, que se chocou com o da van. Resultou na quebra deste acessório e acreditem, faz muita  falta!

Motos alinhadas no cenário de hoje!! O prazer de pilotar!
Apesar do susto do início da manhã, o dia se apresentou lindo, temperaturas iniciavam em 27 graus e subiram ao longo do dia. Ventos esparsos em determinados momentos, mas no geral, sensacional, como tem sido durante toda Expedição até então.

Em alguns momentos de tráfego em autopista e com asfalto macio, paisagem deslumbrante, pilotos e motocicletas parecem fundir-se em um só. Partes das motos e membros dos corpos dos pilotos estão interligados e o prazer de pilotar tira a noção de espaço e tempo e uma indescritível emoção contagiam os dois viajantes.

O Peru se apresenta com paisagens fantásticas, montanhas com cores atijoladas, desérticas, com um azul turquesa das águas do Pacífico mesclando a aridez local. Lindo! São montanhas áridas seguidas de vales verdes, onde fazem o cultivo de horti-frutis, em algum destes pontos, paramos pra nos presentearmos com as frutas locais e especiarias. O aroma é fantástico, são temperos diferentes dos que estamos habituados, apetitosos, coloridos, justificando a posição do Peru no ranking da gastronomia internacional, primeiro lugar no ano de 2014.
Dispensa comentários. Trecho entre Huacho e Chicvlayo no Peru.
Playa de Tortuga...entre Huacho e Chiclayo.
O povo se mostra curioso, interessado nas motos (Anita e Estelita) que por onde passam arrancam olhares, risos e por fim estreitam o contato entre os pilotos e o povo local. Legal, rimos, tiramos fotos juntos, trocamos idéias, aprendemos um pouco. Aos poucos vamos percebendo que alem da viagem e paisagens, talvez uma das coisas mais interessantes da Expedição é isso, interagir, comunicar-se. Prevalece um  “portunhol” titubeante, mas o suficiente para nos comunicarmos com relativa facilidade e aprendemos e aos poucos, cativamos e somos cativados. São pessoas, normais, que nos transmitem a felicidade e nos permitem adentrar um pouquinho nas suas vidas, gestos, sorrisos, abraços tem feito parte da viagem, muito legal MESMO!

Observando a candura do povo boliviano e peruano, rodeados de pobreza e problemas e ao mesmo tempo não economizando sorrisos e simpatia abundante, somos convictos em afirmar que a simplicidade é um dos quesitos para se alcançar a tão perseguida felicidade!

O fato de pilotar um moto, por si só, é meio introspectivo, ou era! Usamos os intercomunicadores Scala Rider G9x, que nos permitem acessar via Bluetooth arquivos de músicas e pra nos comunicarmos. Éramos resistentes, por motivos de segurança, no entanto, logo vimos que nada afetava e que nos permitiu dar boas risadas dentro do capacete e poder desfrutar da paisagem visualizando a “dança dos capacetes” em frente, provável por uma boa música. As trilhas sonoras diferem, mas ACDC, Blind Melon, The Cure, The Doors, Beatles, Bee Gees, Pearl Jam, Miles Davis, Nirvana, Secos e Molhados, Robertão, Tim Maia, Cazuza, entre outros 15Gb tem feito de nosso dias, grandes dias de pilotagem. Agraciado seja São Pedro ;)!

O trecho de hoje tinha aproximadamente 550km, pensamos que seria barbada. Mas, como tudo na Expedição, vimos que cada dia tem sua particularidade e dificuldade, a Panamericana corta as cidades ao meio, acaba com logística dos GPS, ou ao menos os confundem, pois obras nos trechos são rotina, nos fazendo ir e vir algumas vezes, pra depois voltarmos a realmente rodar de moto. Se mantivéssemos apenas com as rotas dos GPSs, estaríamos em alguns momentos, enrascados. Neste caso, entra a boa e velha “una informácion por favor”, que muitas vezes nos tem ajudado. Hoje, o motoqueiro de seus 60 anos (desconhecido, infelizmente) foi o bom guia, provável que saiu da sua rota e fez questão de nos encaminhar até a saída da cidade que passávamos (Chibote), usando-se de “short cuts” que apenas um nativo saberia, para fugirmos do trânsito. Este merece o comentário, o Peru é semelhante ao Brasil, se não mais tumultuado. Nos faz pensar que o país cresce, com o tráfico rodoviário cheio de caminhões, frota esta de bons caminhões, carros mil, obras a todo momento, cidades abarrotadas independente do tamanho, é muvuca, buzina desde cedo!

Logo após o almoço, uma laranja para cada um dos expedicionários, nos chamou atenção um local, chamado Tortugas, uma praia do Pacífico lindíssima, que nos chamou atenção para sessão de fotos. Melhor ainda foi ter ali encontrado um grupo de motociclistas argentinos, Luiz e seus 2 amigos, os quais se aventuram em etapas de 10-15 dias para dar a volta na América do Sul. Conversamos, demos boas risadas e trocamos informações. Isso, sem dúvida, nos dá uma injeção de ânimo para seguir a aventura e poder contá-la, com detalhes e muito prazer à todos que nos acompanham.


Por fim, a 50km de Chiclayo, nas idas e vindas do GPS, ou erros e acertos, nos separamos, vindo nos encontrarmos novamente no Hotel. Nem tudo é tão fácil, intercomunicadores tem um uso de aproximadamente 10 horas, celulares descarregados por conta do hotel anterior não disponibilizar de uma santa tomada, além do adaptador 12v da moto, por algum motivo, não ser compatível com o celular.
10 horas depois, para 550km, estamos bem, instalados num hotelzinho com uma gastronomia fantástica, dignos do título dos peruanos, Ceviche, Cabotiá doce de uma qualidade e sabor fantásticos. Claro, que com Achilles na história, não seria sem um bom espumante local!

Estamos com uma alegria quase incontida, aguardando o momento de reencontrarmos nosso querido amigo Silvio e sua Valentine, a guerreira!!!
Praia de Tortuga, Expedição 3 Américas.
Estelita e Gustavo Guerreiro.
Estelita e Anita, sob o vôo destas gaivotas!
Achilles César, pose pra foto!

Fraternal abco a todos!


3 comentários:

  1. Que espetáculo de viagem !! AbraçosLorivan

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  2. Definitivamente essa viagem não é p/ amadores! Agora já na Colômbia (acabo de ver no mapa), aguardo as novas e extraordinárias aventuras, em especial sobre o - por ora - "retardatário" Silvio! Abraços.

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  3. Agora nossa leitura alcançou vocês. Eu e minha esposa estamos adorando a viagem e ficaremos firmes na garupa. Sigam com Deus. Sabemos da expectativa pelo reencontro de vocês e pela natural vontade do Silvio em tirar o atraso mas muita calma nessa hora. Prudência e tranquilidade que logo tudo volta ao normal. Abçs

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