Acordamos perto
das 7am, pois a noite anterior tínhamos, embora com dificuldades pela pouca
estrutura do Hotel, de fazer o Blog com fotos e demais exigências. Ficamos no
hall de entrada, único local com wifi, ainda que de má qualidade e um
castelhano falando alto no celular por muito tempo e tirando o nosso sossego.
Enfim, pé na
estrada as 8am!
Como toda cidade
que temos passado, a Panamericana faz parte da cidade, ou seja, o trânsito não
é pouco e nem fácil. Neste dias rodando pelo belo Peru percebemos o modo
imprudente de dirigir dos peruanos. Uma das práticas muito comum utilizada por
eles entrar na pista contrária para fazer a ultrapassagem mesmo quando vem as
nossas motocicletas nesta pista. Ao que parece, eles acham que e normal passar
em sentido contrário, um automóvel e a moto e que esta deve dar passagem para
eles, ou indo ao acostamento tamanho padrão de meio metro ou passando o carro e
a moto no canto da pista. É incrível! No Brasil, isso é inadmissível. No
começo, Achilles e Gustavo, gritaram muitos impropérios impublicáveis dirigidos
aos que forçavam as ultrapassagens e nos jogavam fora da pista.
Já no início da
Panamericana, um susto! Gustavo e Estelita vinham à frente, como tem ocorrido
pela características dos pilotos. Pra quem possa pensar em certa “competição”,
se engana, pois a disposição das motos desde o início nos dá segurança e
comodidade para os trechos. Pilotávamos num trecho com obras, cavaletes, cones,
desvios, quando uma van (comum aqui) entra pra fazer a ultrapassagem, apesar de
vários sinais de luz dados, o infeliz persistiu ultrapassando como se nada
visse. Faltou pista pra ambos, pois a direita os cones e cavaletes, o choque
foi inevitável, que bom que apenas do retrovisor, que se chocou com o da van.
Resultou na quebra deste acessório e acreditem, faz muita falta!
Motos alinhadas no cenário de hoje!! O prazer de pilotar! |
Apesar do susto
do início da manhã, o dia se apresentou lindo, temperaturas iniciavam em 27
graus e subiram ao longo do dia. Ventos esparsos em determinados momentos, mas
no geral, sensacional, como tem sido durante toda Expedição até então.
Em alguns
momentos de tráfego em autopista e com asfalto macio, paisagem deslumbrante,
pilotos e motocicletas parecem fundir-se em um só. Partes das motos e membros
dos corpos dos pilotos estão interligados e o prazer de pilotar tira a noção de
espaço e tempo e uma indescritível emoção contagiam os dois viajantes.
O Peru se
apresenta com paisagens fantásticas, montanhas com cores atijoladas,
desérticas, com um azul turquesa das águas do Pacífico mesclando a aridez
local. Lindo! São montanhas áridas seguidas de vales verdes, onde fazem o
cultivo de horti-frutis, em algum destes pontos, paramos pra nos presentearmos
com as frutas locais e especiarias. O aroma é fantástico, são temperos
diferentes dos que estamos habituados, apetitosos, coloridos, justificando a
posição do Peru no ranking da gastronomia internacional, primeiro lugar no ano
de 2014.
Dispensa comentários. Trecho entre Huacho e Chicvlayo no Peru. |
Playa de Tortuga...entre Huacho e Chiclayo. |
O povo se mostra
curioso, interessado nas motos (Anita e Estelita) que por onde passam arrancam
olhares, risos e por fim estreitam o contato entre os pilotos e o povo local.
Legal, rimos, tiramos fotos juntos, trocamos idéias, aprendemos um pouco. Aos
poucos vamos percebendo que alem da viagem e paisagens, talvez uma das coisas
mais interessantes da Expedição é isso, interagir, comunicar-se. Prevalece
um “portunhol” titubeante, mas o
suficiente para nos comunicarmos com relativa facilidade e aprendemos e aos
poucos, cativamos e somos cativados. São pessoas, normais, que nos transmitem a
felicidade e nos permitem adentrar um pouquinho nas suas vidas, gestos,
sorrisos, abraços tem feito parte da viagem, muito legal MESMO!
Observando a
candura do povo boliviano e peruano, rodeados de pobreza e problemas e ao mesmo
tempo não economizando sorrisos e simpatia abundante, somos convictos em afirmar
que a simplicidade é um dos quesitos para se alcançar a tão perseguida
felicidade!
O fato de
pilotar um moto, por si só, é meio introspectivo, ou era! Usamos os
intercomunicadores Scala Rider G9x, que nos permitem acessar via Bluetooth
arquivos de músicas e pra nos comunicarmos. Éramos resistentes, por motivos de
segurança, no entanto, logo vimos que nada afetava e que nos permitiu dar boas
risadas dentro do capacete e poder desfrutar da paisagem visualizando a “dança
dos capacetes” em frente, provável por uma boa música. As trilhas sonoras
diferem, mas ACDC, Blind Melon, The Cure, The Doors, Beatles, Bee Gees, Pearl
Jam, Miles Davis, Nirvana, Secos e Molhados, Robertão, Tim Maia, Cazuza, entre
outros 15Gb tem feito de nosso dias, grandes dias de pilotagem. Agraciado seja
São Pedro ;)!
O trecho de hoje
tinha aproximadamente 550km, pensamos que seria barbada. Mas, como tudo na
Expedição, vimos que cada dia tem sua particularidade e dificuldade, a
Panamericana corta as cidades ao meio, acaba com logística dos GPS, ou ao menos
os confundem, pois obras nos trechos são rotina, nos fazendo ir e vir algumas
vezes, pra depois voltarmos a realmente rodar de moto. Se mantivéssemos apenas
com as rotas dos GPSs, estaríamos em alguns momentos, enrascados. Neste caso,
entra a boa e velha “una informácion por favor”, que muitas vezes nos tem
ajudado. Hoje, o motoqueiro de seus 60 anos (desconhecido, infelizmente) foi o
bom guia, provável que saiu da sua rota e fez questão de nos encaminhar até a
saída da cidade que passávamos (Chibote), usando-se de “short cuts” que apenas
um nativo saberia, para fugirmos do trânsito. Este merece o comentário, o Peru
é semelhante ao Brasil, se não mais tumultuado. Nos faz pensar que o país
cresce, com o tráfico rodoviário cheio de caminhões, frota esta de bons
caminhões, carros mil, obras a todo momento, cidades abarrotadas independente
do tamanho, é muvuca, buzina desde cedo!
Logo após o
almoço, uma laranja para cada um dos expedicionários, nos chamou atenção um
local, chamado Tortugas, uma praia do Pacífico lindíssima, que nos chamou
atenção para sessão de fotos. Melhor ainda foi ter ali encontrado um grupo de
motociclistas argentinos, Luiz e seus 2 amigos, os quais se aventuram em etapas
de 10-15 dias para dar a volta na América do Sul. Conversamos, demos boas
risadas e trocamos informações. Isso, sem dúvida, nos dá uma injeção de ânimo
para seguir a aventura e poder contá-la, com detalhes e muito prazer à todos
que nos acompanham.
Por fim, a 50km
de Chiclayo, nas idas e vindas do GPS, ou erros e acertos, nos separamos, vindo
nos encontrarmos novamente no Hotel. Nem tudo é tão fácil, intercomunicadores
tem um uso de aproximadamente 10 horas, celulares descarregados por conta do
hotel anterior não disponibilizar de uma santa tomada, além do adaptador 12v da
moto, por algum motivo, não ser compatível com o celular.
10 horas depois,
para 550km, estamos bem, instalados num hotelzinho com uma gastronomia
fantástica, dignos do título dos peruanos, Ceviche, Cabotiá doce de uma
qualidade e sabor fantásticos. Claro, que com Achilles na história, não seria
sem um bom espumante local!
Estamos com uma
alegria quase incontida, aguardando o momento de reencontrarmos nosso querido
amigo Silvio e sua Valentine, a guerreira!!!
Praia de Tortuga, Expedição 3 Américas. |
Estelita e Gustavo Guerreiro. |
Estelita e Anita, sob o vôo destas gaivotas! |
Achilles César, pose pra foto! |
Que espetáculo de viagem !! AbraçosLorivan
ResponderExcluirDefinitivamente essa viagem não é p/ amadores! Agora já na Colômbia (acabo de ver no mapa), aguardo as novas e extraordinárias aventuras, em especial sobre o - por ora - "retardatário" Silvio! Abraços.
ResponderExcluirAgora nossa leitura alcançou vocês. Eu e minha esposa estamos adorando a viagem e ficaremos firmes na garupa. Sigam com Deus. Sabemos da expectativa pelo reencontro de vocês e pela natural vontade do Silvio em tirar o atraso mas muita calma nessa hora. Prudência e tranquilidade que logo tudo volta ao normal. Abçs
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